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Foz do rio Douro. Quando avistavam a barra do Porto, os pilotos dos navios tinham consciencia de que a sua viagem ainda não estava terminada; faltava a ultima etapa, talvez uma das mais complicadas : a entrada no Douro. As forte correntes e os redemoinhos, os traiçoeiros cachopos e penedos da barra ali estavam para trazer à mamóeira dos navegantes os inúmeros desastres aí ocorridos através dos tempos. Histórias de dor, desespero e luto.
Já em tempos recuados, a barra do Porto era temida pelos homens do mar como difícil e perigosa. Do canal do Cabedelo até à Cantareira os barcos percorriam um verdadeiro labiritno entre rochedos, visíveis ou submersos. Durante este trajecto os navios tinham de passar por pelo menos vinte e seis pedras, começando no chamado Picão e terminando nas Pedras da Eira em frente do facho de S.Miguel ou Capela do Anjo. A dificuldade aumentava durante as cheias de inverno, pois a corrente contrária do rio tornava extremamente dificil manter um rumo dum navio à vela. Os mareantes ultrapassavam como podiam estes obstáculos, guiando-se por variadas marcas e balizas. Entre elas celebrizou-se o Pinheiro da Marca, no morro onde hoje estão os Jardins do Palácio de Cristal. Derrubada por um temporal em 1537 foi susbtituida por uma torre em 1542. Outro ponto de orientação da maior utilidade era a ermida de Santa Catarina, construída durante o reinado de D.João I em Lordelo num morro elevado junto ao Douro. Um terceiro ponto de referencia surgiu no centro do canal. Era uma Cruz de Ferro erguida, em data incerta, num penedo que ficou com esse nome, e que aparecia como um sinal protector dos marinheiros e viajantes.
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